sexta-feira, 4 de março de 2011

O CRIMINOSO

O italiano Cesare Lombroso (1836 – 1909) fez um dos primeiros estudos sérios sobre a criminalidade. Depois de servir como cirurgião na guerra austro-italiana de 1866, foi nomeado professor de doenças mentais em Pavia. Lá, começou a realizar uma série de dissecções usando os cérebros dos pacientes que morriam, com o intuito de descobrir alguma causa estrutural para a loucura. Foi uma empreitada fracassada, mas em 1870 aprendeu com o patologista alemão Rudolf Virchow – que dizia ter descoberto elementos pouco usuais nos Crânios dos criminosos – características semelhantes entre deficientes mentais e humanos pré-históricos, ou até mesmo animais.

Lombroso começou de vez a estudar a fisiognomia dos criminosos nas cadeias italianas, e realizou uma autópsia no corpo de um bandido que morreu executado, prestando muita atenção no crânio, onde encontrou apenas uma pequena característica física pouco habitual, semelhante à de um roedor.

“Assim que vi esse Crânio, pareceu-me, de repente, claro como uma vasta planície sob o céu flamejante, o problema da natureza do criminoso – um ser disfarçado que reproduz em sua pessoa os instintos selvagens da humanidade primitiva e dos animais inferiores.”

Nota: ler as protuberâncias do crânio humano, o que supostamente revela o tamanho de órgãos específicos do cérebro que jaz, por baixo, continuou sendo uma atividade de interesse popular ao longo do século XIX, assim como no século XX. Cabeças frenológicas ainda podem ser encontradas em muitas lojas de antiguidades.

A revelação de Lombroso encontrou apoio em estudos posteriores, e ele começou a dividir sés casos em “criminosos ocasionais”, levados pelo caminho do crime pelas circunstâncias, e os “criminosos de nascença” – aqueles que cometiam crimes frequentemente por conta de um defeito hereditário que era visível em sua aparência física. Esses indivíduos “disfarçados” eram reconhecidos pelas suas características primitivas: braços longos, visão aguda (como uma ave de rapina), maxilares fortes e orelhas de abno.

Em 1876, quando foi nomeado professor de medicina legal, Lombroso publicou suas descobertas no livro L’uomo delinquente (O criminoso), que alcançou rapidamente renome internacional. Em um livro posterior Antropologia Criminal (1895), os resultados de um estudo de 6.034 criminosos vivos, resumiu suas conclusões:

- Nos assassinos encontramo0s maxilares grandes, maçãs do rosto muito separadas, cabelos escuros e grossos, barba rente e um rosto pálido.

- Assaltantes têm braquicefalia (crânio arredondado) e mãos longas, raramente têm testa estreita.

- Estupradores têm mãos pequenas... e testa estreita. Há um predomínio de cabelos claros, com anormalidades nos órgãos genitais e no nariz.

- Nos bandoleiros, assim como em outros ladrões, são raras as anomalias nas medidas do crânio e na espessura do cabelo, assim como barba exígua.

- Incendiários têm extremidades longas, cabeça pequena e peso abaixo do normal.

- Trapaceiros são reconhecidos pelas suas grandes mandíbulas e as maçãs do rosto proeminentes; são pesados e de rosto pálido e pouco expressivo.

- Batedores de carteiras têm mãos longas, são altos, têm cabelo escuro e barba rente.

O primeiro livro de Lombroso foi recebido por duras críticas daqueles que o acusavam – justamente – de exagerar na simplificação. Porém, recebeu certo apoio em sua teoria dos padrões criminais hereditários no ano seguinte, com a publicação de Os Jukes pelo sociólogo norte americano Richard Dugdale. O primeiro da linhagem dos Jukes, uma pessoa pouca escrupulosa, nasceu em Nova York no início do século XVIII, e Dugdale disse ter acompanhado 700 dos seus descendentes, e a maioria se tornou criminoso ou prostituta.

Do outro lado, um forte crítico de Lombroso foi o francês Alexandre Lacassagne, professor de medicina legal em Lyon, que afirmava que as causas do crime eram de tipo social e que disse certa vez que cada sociedade tem os criminosos que merece. Lombroso, posteriormente modificou suas teorias e no livro Crime: suas causas e soluções (1899). Apontou conclusões que apoiavam parcialmente as ideias de Lacassagne, quando o alimento se encontra facilmente os crimes contra a propriedade diminuem, enquanto os crimes contra as pessoas, particularmente o estupro, aumentam. De fato, no final de sua vida Lombroso reconheceu que o biótipo criminal não poderia ser distinguido apenas pelas características físicas.

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