sábado, 15 de janeiro de 2011

FISIONOMIA

Foi durante o século XVI que surgiu a ideia de que era possível determinar a natureza de uma pessoa por características externas, tais como a testa, a boca, os olhos, os dentes ou o cabelo. O estudo foi denominado "fisiognomia" pelo francês Barthélemy Coclès, cujo livro Physiognomonia (1533) trazia diversas xilografias para ilustrar suas ideias.
Aos poucos, do século XVII em diante, os filósofos ocidentais do iluminismo começaram a exercer uma influência no pensamento médico, e nesse momento o termo "psicologia" foi utilizado pela primeira vez. No entanto, embora os efeitos do cérebro - e não somente no comportamento, mas também nas doenças - começaram a ser reconhecidos, as características físicas externas continuaram exercendo um papel importante no diagnóstico. Uma teoria que combinavam ambas as abordagens e que cativou o imaginário popular a "frenologia". Franz Joseph Gall (1758 - 1828), um sofisticado médico, chegou a conclusão no final do século XVIII, em Viena, de que o cérebro era constituído por "33 órgãos", cujos tamanho e posição poderiam ser descobertos tocando as "protuberâncias" externas do crânio. Havia três classes de órgãos:1. aqueles que controlavam as características humanas fundamentais; 2. aqueles responsáveis pelos sentimentos, como a caridade ou a espontaneidade; 3. aqueles de natureza puramente intelectual, como a apreciação do tamanho ou o reconhecimento da relação entre causa e efeito.
Entre os órgãos em que Gall disse ter identificado - que incluíam aquele que indicava o desejo humano de "procriar" - encontravam-se também os órgãos do homicídio, do roubo e da astúcia. Ele e seu discípulo J. K. Spurzheim (1776 - 1832) que mais tarde nomeou mais quatro órgãos, foram obrigados a deixar a Áustria, pois, suas ideias eram conflitantes com a opinião médica da época, embora suas teorias fossem bem recebidas na França, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Em Edimburgo, Sperzheim dissecou em publico um cérebro humano e indicou a posição dos diferentes órgãos. Nos Estados Unidos, "frenologistas praticantes' viajavam de feira em feira afirando que podiam curar doenças mentais e físicas. A frenologia continuou a ser um assunto popular durante todo o século XIX, mas contribuiu pouco ou nada para o entendimento da mente criminosa, embora a pesquisa neurológica moderna tenha acabado por revelar áreas do cérebro que controlam as emoções e os comportamentos. O primeiro achado importante da criminologia veio, de forma surpreendente, com o renascer do interesse na fisiognomia.

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